Da fratria à philia, desenha-se na alma um percurso que, ao mesmo tempo em que amplia seu horizonte afetivo, também traz para perto, para dentro, aproxima e ensina as lições da intimidade. Esse percurso se chama amizade. Muitas são suas metáforas, seus símbolos, suas imagens, que apresentam aquele que já foi entendido, num plano individual, como o mais elevado eros de que a experiência humana é capaz.
No amplo espectro da literatura erótica no Ocidente, e à sombra enigmática da imensa figura do Marques de Sade, a História do olho, de Georges Bataille, A história de Vivant Lanon, de Marc Cholodenko, e Cartas de um sedutor, de Hilda Hilst, são obras que apresentam, no século XX, e cada uma a seu modo, os caminhos tortuosos e difíceis que a alma percorre quando seu amor apresenta-se desviante, perverso, intolerável.
Um tema que não pode deixar os analistas indiferentes: como o discurso pode traduzir a alma sem traí-la?
De certo ponto de vista, não muito mais que choro e riso, alegria e tristeza compõem nossas vidas.