Um tema que não pode deixar os analistas indiferentes: como o discurso pode traduzir a alma sem traí-la? Até onde podemos ir com a fala do paciente, e a palavra do analista, num procedimento que já foi inicialmente caracterizado como terapia feita pela palavra, uma “cura pela fala”? Como “construirmos” uma fala que abrace coração e alma, que não seja a fala conceitual e nominativa, ou mística e espiritualizante, em que se transformou boa parte do discurso terapêutico, mas uma fala na qual podemos dizer simultaneamente o que pensamos e sentimos e que abarque o mistério que somos, eu e tu?
em “Re-lendo Babel: a imaginação religiosa da alma”, Voos e raízes, 2006